1 de nov. de 2011

Morro do Papagaio

A escolha deste lugar da cidade se deu pela grande diversidade que existe ali, além da conformação espacial orgânica, originada da ocupação autônoma. Andando pelo Morro do Papagaio, uma favela localizada na zona sul de Belo Horizonte, alguns aspectos me chamaram a atenção. Procurei reproduzir essas impressões na criação do carro alegórico.








A pintura das casas, com grande variedade cromática, contrasta com a textura do tijolo aparente. Por isso, escolhi como material para o carro chapas finas de madeira, que ora estão com sua textura natural e outras vezes estão pintadas. Encontrei muitas pinturas de temas da copa do mundo, feitas pelos próprios moradores, que foram reinterpretadas nos elementos gráficos com as cores da bandeira o Brasil feitas em algumas partes do carro alegórico. Os varais coloridos das casas e os comércio com coisas penduradas no teto são elementos que também me chamaram a atenção e foram usados em partes do carro.

De um modo geral, tinha a intenção que o carro alegórico pudesse percorrer os becos da favela. Por isso, no projeto seriam feitos vários carrinhos de tamanhos diversos que poderiam se acoplar ou se separar. Além disso, cada carro tem uma alça, permitindo que ele seja puxado como um carro de catador de papel. Dessa forma, quem está puxando o carro aparece como protagonista durante o desfile, o que evidencia claramente todos os elementos técnicos e funcionais. Outra premissa do projeto era que o carro alegórico fosse mutável, assim como a favela, que está em constante transformação. Por isso, existem articulações que permitem que os elementos mudem de posição, criando uma grande variedade de conformações espaciais dentro do carro. Além disso, existem elementos que possibilitam apropriações pelos próprios foliões, como a colocação de objetos diferentes pendurados na alça ou no varal.

A maquete foi executada em placas de compensado, que foram serradas e coladas com cola de madeira. A textura rústica das superfícies serradas remete ao acabamento muitas vezes pouco trabalhado das casas da favela. As articulações foram feitas com dobradiças metálicas ou pedaços de arame. As rodas foram feitas com tampa de geléia e fixadas com arame. A alça também foi feita de arame.





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