3 de nov. de 2011

Lagoinha



Enredo: A redescoberta da loba do cerrado na capital da Minas no século XXI


O bairro Lagoinha sempre habitou meu imaginário como um lugar, digamos quase mítico, um bairro que teve em sua história a boêmia e o encontro de artistas e da intelectualidade como um dos seus principais focos. Quando foi proposto a escolhe de um bairro, o escolhi, tendo em mim, a esperança de encontrar naquele local os resquícios de sua antiga história que poderiam contribuir para a composição do meu carro alegórico.

Confesso, que para mim foi uma estranheza, um choque, descer a passarela e entrar no bairro. O trajeto que segui, em um primeiro momento, sendo aquele que serviu de base para o conceito do carro alegórico, foi subir a rua Além Paraíba e, em certo momento, descer e andar pela Itapetininga. Esse curto trajeto, com casual encontro com um contribuinte do jornal do bairro, que me serviu como guia, foi suficiente para trazer a mim a realidade de um bairro degradado e distante da fantasia que se confundi com sua história. Casarões abandonados, destruídos, moradores de rua e viciados se confundem em meio as cores lavados pelo tempo nas ruas do bairro.

No decorrer do trajeto porem, algo chamou minha atenção: o interior dos edifícios abandonados. Ali, por vezes, no meio dos escombros, se encontram pessoas que cuidam dessas casas (não entrarei nos porquês de tais atividades) e que, em certa medida, guardam a verdadeira essência do local.

Em casa, depois de refletir um pouco e rever as fotos, em pesquisas aleatórias pela internet, me deparei com uma carta, não sei escrita por quem, nem quando ou a exatidão do contexto, mas fato é que, tal escritor falava acerca da famosa e referencial Casa da Loba, afirmando que a antiga escultura, réplica da loba Capitolina de Roma, que ficava acima da fachada frontal da casa ainda se mantinha preservada em meio à ruinas do interior da edificação. Não me interessou na verdade a veracidade das informações, mas a junção dessas com a minha visita me fez chegar a uma conclusão que, a meu ver, comporia bem a minha visão alegórica do bairro, mostrar, o que há além das ruínas dos antigos casarões, o que está em seu interior, metaforicamente: a verdadeira essência/referencia/história/legado do Lagoinha.


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