9 de nov. de 2011

Chuva de São Pedro


Fiquei com o Bairo da Zona-Sul, São Pedro, com a qual já possuía uma certa familiaridade.
No mapeamento, mais do que perceber os pontos de comércio, espaços públicos, vias principais e acessos, fui percebendo informações que seriam mais rica pra uma representação da essência do bairro.
à medida em que andava pelas ruas, me surpreendia com ventanias, folhas secas e flores rosas, no ar e no chão.


à medida em que entrava mais no bairro, ia ficando cada vez mais cansada com as subidas íngremes, e precisava estar sempre atenta aos degraus irregulares.
à medida em que olhava em volta, via muros com os mais diversos grafismos.



Percebi então que esses muros diziam muito, sobre quem vive e quem passa ali. Ele começa como uma barreira imponente e timidamente vai virando expressão, até esses grafismos se tornarem elemento da paisagem. O muro é uma proteção pra uma rua vazia de gente e cheia de carro. Mais a cima vai abrindo as portas pra vida na rua.

São esses muros que marcam a perspectiva de quem sobe a ladeira de um bairro de classe média alta e chega enfim no morro. O morro do Papagaio.


Para montar o carro alegórico, usei dessa imagem do bairro - vista da Rua São João Evangelista - que serviria de base para as minhas alegorias.




Materiais usados:


papel cartão - papel celofane - fio de nylon - arames coloridos - palito de dente - bonequinhos -> pipas
palito de churrasco pintado - linha encerada - caixas de papelão -> estrutura do carro
papel paraná pintado -> escadas
tela de tecido preta -> rua
impressões de imagens de muros diversos
fios coloridos - cullers - fonte - interruptor - fita isolante -> vento
confete predominantemente rosa, verde e marrom -> folhas e flores
toquinhos de madeira -> árvores

cola Glitter - tinta guache - linha de costura - cola branca - super bonder - agulha - elásticos - fita dupla face - grude.







REFERÊNCIAS - Luciana Rattes

Escolhi por pesquisar por cenógrafos brasileiros e fui me encantando pelo que fui descobrindo.



Helio Eichbauer




Estudou com o renomado cenógrafo Josef Svoboda, em Praga. - do qual vimos um documentário em aula.

No Brasil, realizou trabalhos em diversas áreas da arte brasileira, como óperas, teatro e shows de música popular. Ganhou diversos prêmios.

Quando completou 30 anos de profissão, na década de 1990, Hélio Eichbauer já tinha acumulado uma
extensa lista de trabalhos, totalizando 130 em teatro, 13 exposições, além disso, reunia 28 prêmios.



Hélio modificou os recursos usados, propondo a metáfora, a livre interpretação e o papel autoral na concepção artística do espetáculo. Levou também suas criações a outras áreas artísticas, como vídeo e cinema.


Ensinou cenografia em diversas universidades e escolas de teatro, como a Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Artes Visuais, Universidade do Rio de Janeiro, Ateneo de Caracas, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Escola de Teatro Martins Pena.








Pernambucana, mora em são paulo. Graduada em design gráfico.

Com uma grande ligação com o carnaval de Recife, faz um trabalho lindo, e usa as cores como uma ótima maneira de integrar essa cenografia em seu entorno.









Cearense, nascido em 1963

"Um artista que se interessa pelo rejeito, pelo material desprezado, pelas sobras: este é o princípio básico de seu trabalho. Seu desafio é sempre transformar algo que ninguém quer em objeto de desejo. Sua filosofia é tornar a dar vida ao que já está morto, é ressuscitá-lo, é proporcionar-lhe uma nova vida.
“Me interessam muito os objetos de força bruta para sacralizá-los: um carrinho de mão, uma ferramenta, um manequim de moda que transformo em anjo. Quero harmonizar objetos e materiais conflitantes.”"

Fotos do show do Beirut e Manacá. Seriados da Globo "Capitu" e "Hoje é dia de Maria".



8 de nov. de 2011

Anchieta - A suécia Belorizontina





A proposta de fazermos Carros Alegóricos como produto final da disciplina me deixou bastante ansiosa a princípio, ainda mais com o fato que meu bairro para o trabalho, que eu mesma escolhi, era o Anchieta.

O Anchieta se localiza na Região Centro-Sul de Belo Horizonte e possui um IDH compáravel ao da Suécia e seus vizinhos escandinavos. É um bairro tradicional, residencial de classe média alta que possui toda a gama de serviços necessários para uma vida prazerosa.
A Rua Vitório Marçola e a Av. Franciso Deslandes desenham uma area triangular delimitando o bairro, que tem em um de seus vértices o Parque Julien Rien e ao fundo, como um outdoor, a Serra do Cipó.


Apesar de nunca ter morado no bairro sempre vivi muito próximo e me afastar dessa familiaridade e conseguir lançar um olhar de surpresa foi muito difícil. Logo no inicio, me lembrei que na última visita ao Parque tinha reparado pela primeira vez em mais de vinte anos, uma nascente que forma uma quedinha d'água. Aquilo parecia um paraíso dentro de um bairro pra lá de monótono e me apeguei a essa imagem do oásis perdido.

Certa de que tinha achado meu trunfo, apresentei minha idéia na aula seguinte mas diante de tantos questionamentos percebi que ainda não tinha realmente visto o bairro.
Decidi então explorar as visadas, edificações, particularidades, pequenas estranhezas qualquer coisa que fosse diferente daquela normalidade tão banal. Passeei durante a semana, tirei fotos, almocei no fim de semana, fiz supermercado, conheci as padarias, tomei café da manhã, comprei jornal e nada. Nada que me chamasse a atenção. Busquei problemas de criminalidade, já não eram comuns desde que a Associação de Moradores fechou uma parceria com a Polícia Militar, fui atrás de reclamações dos moradores, as mais recorrentes se relacionavam com calçadas mal cuidadas, faixa de pedestres precisando de pintura, desrespeito as áreas de estacionamento e cocô de cachorro! Aquilo parecia até uma brincadeira considerando as histórias dos bairros de outros colegas.

Frustrada, fui para mais uma orientação, foi aí que em uma conversa com a turma percebi que era justamente essa normalidade do bairro o seu diferencial.

A partir daí, mais confiante, comecei a trabalhar com esse conceito de normalidade, beirando a utopia.
O Anchieta era como uma pequena Suécia dentro de Belo Horizonte, e eu tinha de achar um jeito de representar aquilo que eu via.
Comecei a pesquisa de materiais imaginando usar acrílico, mas o material se revelou caro e complicado de usar. Qualidades como transparência e leveza eram essenciais, queria fazer algo praticamente monocromático, mas que também tivesse textura.
Decidi trabalhar com folhas de acetato, papel vegetal e uma fita adesiva para gesso

Um pouco mais de pesquisa revelou que esses materiais seriam insuficientes, eu já sabia que para o outdoor serra do cipó usaria acetato e o parque que seria um dos únicos elementos com cor estaria numa parte mais escondida do carro, mas ainda faltava um material capaz de dar mais suporte, foi então que encontrei uma tela usada como base para bordar elementos em bolsas. A tela era fácil o suficiente de se cortar e por ser de plástico colava bem com a cola-quente. Usando o fundo de um caixote de feira comecei a reproduzir uma imagem quase invisível do bairro. Utilizei ainda de bonequinhos brancos para representar os componentes e em especial um bonequinho vermelho com um estilete na mão em memória a um caso do bairro. Por fim instalei alguns LEDs que proporcionaram uma iluminação interessante que valorizou bastante o material, principalmente no local da exposição.








3 de nov. de 2011

Lagoinha



Enredo: A redescoberta da loba do cerrado na capital da Minas no século XXI


O bairro Lagoinha sempre habitou meu imaginário como um lugar, digamos quase mítico, um bairro que teve em sua história a boêmia e o encontro de artistas e da intelectualidade como um dos seus principais focos. Quando foi proposto a escolhe de um bairro, o escolhi, tendo em mim, a esperança de encontrar naquele local os resquícios de sua antiga história que poderiam contribuir para a composição do meu carro alegórico.

Confesso, que para mim foi uma estranheza, um choque, descer a passarela e entrar no bairro. O trajeto que segui, em um primeiro momento, sendo aquele que serviu de base para o conceito do carro alegórico, foi subir a rua Além Paraíba e, em certo momento, descer e andar pela Itapetininga. Esse curto trajeto, com casual encontro com um contribuinte do jornal do bairro, que me serviu como guia, foi suficiente para trazer a mim a realidade de um bairro degradado e distante da fantasia que se confundi com sua história. Casarões abandonados, destruídos, moradores de rua e viciados se confundem em meio as cores lavados pelo tempo nas ruas do bairro.

No decorrer do trajeto porem, algo chamou minha atenção: o interior dos edifícios abandonados. Ali, por vezes, no meio dos escombros, se encontram pessoas que cuidam dessas casas (não entrarei nos porquês de tais atividades) e que, em certa medida, guardam a verdadeira essência do local.

Em casa, depois de refletir um pouco e rever as fotos, em pesquisas aleatórias pela internet, me deparei com uma carta, não sei escrita por quem, nem quando ou a exatidão do contexto, mas fato é que, tal escritor falava acerca da famosa e referencial Casa da Loba, afirmando que a antiga escultura, réplica da loba Capitolina de Roma, que ficava acima da fachada frontal da casa ainda se mantinha preservada em meio à ruinas do interior da edificação. Não me interessou na verdade a veracidade das informações, mas a junção dessas com a minha visita me fez chegar a uma conclusão que, a meu ver, comporia bem a minha visão alegórica do bairro, mostrar, o que há além das ruínas dos antigos casarões, o que está em seu interior, metaforicamente: a verdadeira essência/referencia/história/legado do Lagoinha.


1 de nov. de 2011

Morro do Papagaio

A escolha deste lugar da cidade se deu pela grande diversidade que existe ali, além da conformação espacial orgânica, originada da ocupação autônoma. Andando pelo Morro do Papagaio, uma favela localizada na zona sul de Belo Horizonte, alguns aspectos me chamaram a atenção. Procurei reproduzir essas impressões na criação do carro alegórico.








A pintura das casas, com grande variedade cromática, contrasta com a textura do tijolo aparente. Por isso, escolhi como material para o carro chapas finas de madeira, que ora estão com sua textura natural e outras vezes estão pintadas. Encontrei muitas pinturas de temas da copa do mundo, feitas pelos próprios moradores, que foram reinterpretadas nos elementos gráficos com as cores da bandeira o Brasil feitas em algumas partes do carro alegórico. Os varais coloridos das casas e os comércio com coisas penduradas no teto são elementos que também me chamaram a atenção e foram usados em partes do carro.

De um modo geral, tinha a intenção que o carro alegórico pudesse percorrer os becos da favela. Por isso, no projeto seriam feitos vários carrinhos de tamanhos diversos que poderiam se acoplar ou se separar. Além disso, cada carro tem uma alça, permitindo que ele seja puxado como um carro de catador de papel. Dessa forma, quem está puxando o carro aparece como protagonista durante o desfile, o que evidencia claramente todos os elementos técnicos e funcionais. Outra premissa do projeto era que o carro alegórico fosse mutável, assim como a favela, que está em constante transformação. Por isso, existem articulações que permitem que os elementos mudem de posição, criando uma grande variedade de conformações espaciais dentro do carro. Além disso, existem elementos que possibilitam apropriações pelos próprios foliões, como a colocação de objetos diferentes pendurados na alça ou no varal.

A maquete foi executada em placas de compensado, que foram serradas e coladas com cola de madeira. A textura rústica das superfícies serradas remete ao acabamento muitas vezes pouco trabalhado das casas da favela. As articulações foram feitas com dobradiças metálicas ou pedaços de arame. As rodas foram feitas com tampa de geléia e fixadas com arame. A alça também foi feita de arame.





31 de out. de 2011

Jardim Canadá

Luiza Fonseca Magalhães

Quando nos foi dada a tarefa de bolar um carro alegórico sobre um bairro da cidade, foi sugerido que escolhêssemos um bairro diferente da nossa realidade e, de preferência, que não nos fosse familiar, para podermos identificar melhor as suas peculiaridades.

O bairro que escolhi, o Jardim Canadá, realmente é bem distinto de qualquer outro que eu conheça na RMBH, mas era bem conhecido da minha parte já que pelos últimos meses tenho trabalhado como bolsista extensionista do programa DESEJA.CA – desenvolvimento sustentável e empreendedorismo sustentável no Jardim Canadá, da UFMG.

Situado no eixo de expansão sul da cidade de Belo Horizonte, a margem da BR-040, o bairro se constitui de um tecido urbano ortogonal e bem definido onde se encontra, além de comércios destinados a população dos condomínios fechados do entorno e galpões, uma comunidade de classe baixa ocupando essa malha de maneira informal respeitando seu desenho regular. Esse processo pode ser percebido em uma quase favelização lote-a-lote.

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É comum encontrar no bairro lotes divididos em duas, três ou mais residências, casos facilmente identificados pelo número de medidores da Cemig, nos muros dos lotes, ou da Copasa, na frente das casas Mescla-se também em um único lote as residências e os estabelecimentos comerciais mostrando que em um só lote tem-se uma ocupação múltipla em número e tipo.

Historicamente a tipologia urbana reproduzida neste loteamento tem a tendência de excluir camada de renda baixa da população, logo a coexistência de ambos no Jardim Canadá gera um cenário não muito comum nas cidades contemporâneas.

Assim resolvi explorar essa característica do bairro na concepção do carro alegórico, o tipo de ocupação que foi desenvolvida em seu loteamento regular e ortogonal. Para tal escolhi usar um tecido como material base, já que o tecido é composto de uma trama regular de fios paralelos e perpendiculares e ainda assim pode ser utilizado de uma forma irregular e orgânica. Escolhi usar o tecido de um saco de aniagem, que é feito de um algodão bem cru, e o recortei em tiras as quais associei a uma tela metálica, também de desenho ortogonal, para conseguir a forma curva e embolada que decidi utilizar entre as opções que representei nos meus croquis originais.

Costurei em alguns pontos, com linhas que se soltaram do próprio tecido, as tiras na tela para dar firmeza. Afim de conseguir o movimento que eu queria foi necessário passar as tiras com vapor para que perdessem as marcas de dobras e ficassem mais maleáveis.

A escultura em tecido foi fixada com cola quente na abertura superior de uma base de papelão de 50x20x4cm. Dentro dessa base foi posta terra retirada do Jardim Canadá, já que este é um elemento visual muito marcante do bairro devido a sua cor avermelhada marcada pela mineração próxima, e alguns led’s, para que trama do tecido possa ser melhor identificada contra a luz.

Afim de representar a ocupação informal aglomerada dentro do desenho de um lote, resolvi instalar totens ao longo ta estrutura de tecido que simbolizassem os elementos que identificam essa ocupação. Logo escolhi medidores das CEMIG, e da copasa e elementos gráficos que são abundantes no comércio local do bairro. Imprimi imagens dos Medidores da Cemig e os fixei em um tipo de ossinho de briquedo para cachorros que pintei de cinza.

Os medidores da Copasa, fiz com arame ,e massinha preta e azul, inicialmente fiz um a um e tive problemas na hora de fixá-los juntos, logo fiz cada totem com um único arame retorcido. Os elementos gráficos foram todos retirados de fotos do próprio bairro. Imprimi vários deles e usei como base para implantá-los no carro alegórico hashi, ou palitos para comer comida japonesa, que tem uma ponta mais larga e se encaixavam diretamente na tela metálica sem precisar de cola, procedimento similar ao que fiz com os ossinhos de cachorro.

Depois de tudo salpiquei um pouco da terra em cima do tecido para trazer um pouco da cor para a superfície, já que para ver o resto, dentro da base do carro é nescessária uma observação mais próxima.