Luiza Fonseca Magalhães
Historicamente a tipologia urbana reproduzida neste loteamento tem a tendência de excluir camada de renda baixa da população, logo a coexistência de ambos no Jardim Canadá gera um cenário não muito comum nas cidades contemporâneas.
Assim resolvi explorar essa característica do bairro na concepção do carro alegórico, o tipo de ocupação que foi desenvolvida em seu loteamento regular e ortogonal. Para tal escolhi usar um tecido como material base, já que o tecido é composto de uma trama regular de fios paralelos e perpendiculares e ainda assim pode ser utilizado de uma forma irregular e orgânica. Escolhi usar o tecido de um saco de aniagem, que é feito de um algodão bem cru, e o recortei em tiras as quais associei a uma tela metálica, também de desenho ortogonal, para conseguir a forma curva e embolada que decidi utilizar entre as opções que representei nos meus croquis originais.
Costurei em alguns pontos, com linhas que se soltaram do próprio tecido, as tiras na tela para dar firmeza. Afim de conseguir o movimento que eu queria foi necessário passar as tiras com vapor para que perdessem as marcas de dobras e ficassem mais maleáveis.
A escultura em tecido foi fixada com cola quente na abertura superior de uma base de papelão de 50x20x4cm. Dentro dessa base foi posta terra retirada do Jardim Canadá, já que este é um elemento visual muito marcante do bairro devido a sua cor avermelhada marcada pela mineração próxima, e alguns led’s, para que trama do tecido possa ser melhor identificada contra a luz.
Afim de representar a ocupação informal aglomerada dentro do desenho de um lote, resolvi instalar totens ao longo ta estrutura de tecido que simbolizassem os elementos que identificam essa ocupação. Logo escolhi medidores das CEMIG, e da copasa e elementos gráficos que são abundantes no comércio local do bairro. Imprimi imagens dos Medidores da Cemig e os fixei em um tipo de ossinho de briquedo para cachorros que pintei de cinza.
Os medidores da Copasa, fiz com arame ,e massinha preta e azul, inicialmente fiz um a um e tive problemas na hora de fixá-los juntos, logo fiz cada totem com um único arame retorcido. Os elementos gráficos foram todos retirados de fotos do próprio bairro. Imprimi vários deles e usei como base para implantá-los no carro alegórico hashi, ou palitos para comer comida japonesa, que tem uma ponta mais larga e se encaixavam diretamente na tela metálica sem precisar de cola, procedimento similar ao que fiz com os ossinhos de cachorro.
Depois de tudo salpiquei um pouco da terra em cima do tecido para trazer um pouco da cor para a superfície, já que para ver o resto, dentro da base do carro é nescessária uma observação mais próxima.
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